Da união entre a Private Division e a Obsidian Entertainment, o estúdio que criou, entre outros títulos, Fallout: New Vegas e Pillars of Eternity, resultou o lançamento de The Outer Worlds, um novo RPG single-player que nos lança para uma aventura galática num futuro um pouco distante.

Num primeiro olhar, é inevitável a comparação The Outer Worlds com os jogos da série Fallout, não fossem os dois diretores deste jogo, Tim Cain e Leonard Boyarsky, os criadores originais do popular RPG pós-apocalítico da Bethesda. Embora o ambiente até tenha algumas semelhanças, rapidamente percebemos que alguns "excessos" e questões técnicas que encontramos em Fallout não foram trazidos para este The Outer Worlds.


Por estas e por outras razões que vamos compreender ao longo da nossa análise, é que The Outer Worlds deu que falar desde que foi anunciado na The Game Awards 2018. Este jogo já está disponível para PC, XBox One e PlayStation 4, com uma versão para a Nintendo Switch a ser lançada em 2020.

História


A história do The Outer Worlds desenrola-se num futuro distante, quando 10 empresas gigantescas na Terra adquirem o direito de colonizar e explorar o sistema solar Halcyon. Estas empresas enviam colonos para Halcyon juntamente com executivos de negócios que estabelecem um sistema de governação onde não existem nações, raças, democracia, eleições ou orientação profissional gratuita - existem apenas empresas. 

Os filhos dos funcionários de uma empresa são propriedade dessa mesma empresa, completam testes de habilidades com base nos quais são colocados dentro da empresa, trabalham apenas para o benefício da empresa, e até são proibidos pelo contrato de comprar produtos de outra empresa ou associados a ela. Além disso, recebem atendimento médico apenas se a Companhia considerar que a sua sobrevivência é financeiramente viável e, quando chegar a hora de deixar este mundo, deverão pagar a taxa de enterro na Companhia ou, caso contrário, o custo será suportado pelo seu "parente próximo" que é ... a pessoa que trabalha mais perto de seu posto.

Das primeiras duas naves de colonização que partem da Terra para Halcyon, apenas uma chega a tempo. A segunda nave, conhecida como Hope, chega muitas décadas depois devido a uma falha em seus motores, ainda cheia de milhares de colonos em estado criogénito. Esses colonos, por decisão das empresas, não foram "despertados", mas adormecidos na sua nave... E assim chegamos aos eventos da introdução do jogo, com um "cientista louco", chamado Phineas Welles, a resgatar um congelado e a enviá-lo para o planeta Terra 2. O colono resgatado é o personagem que vamos controlar em The Outer World. 

 

 

Jogabilidade

Quando começamos a nossa aventura em The Outer Worlds, rapidamente sentimos que estamos num jogo criado pela Obsidian Entertainment. Com um sistema de diálogos profundo e bastante cativante, vamos tomando decisões que interferem na nossa progressão no jogo. Com as nossas decisões temos a capacidade de interferir com a vida dos muitos personagens que vamos encontrando, como por exemplo, quem nos acompanha na nossa aventura, quem devemos beneficiar ou prejudicar com as nossas ações, ou casos extremos, salvar alguém de uma morte inevitável. Este é um jogo marcado por escolhas morais que inteferem diretamente com a nossa aventura e progressão no jogo.

A jogabilidade de The Outer Worlds utiliza muitos dos processos que encontramos habitualmente em RPGs na primeira pessoa, como é o caso de Fallout, entre outros. No entanto, contrariando as tendências mais recentes do género, The Outer Worlds não utiliza um mundo aberto. O aventura deste jogo é desenrolada através de vários mapas fechados, que mesmo assim até têm um tamanho considerável, onde temos a oportunidade de interagir com uma série de personagens, interferir na sua vida e realizar um grande número de missões, quer sejam relacionadas com a história principal, quer sejam missões secundárias que, por sinal, estão bastante bem estruturadas. 

The Outer Worlds leva-nos até vários planetas e estruturas que estão espalhadas por um sistema solar. Para chegar a cada um destes locais, que vão sendo desbloqueados à medida que avançamos na história, utilizamos uma nave que "adquirimos" numa fase inicial. É possível recrutar até cinco membros para a nossa tripulação, pois muitos dos personagens que vamos encontrando têm os seus motivos para se juntarem a nós, mas podemos sempre decidir viajar sozinhos. Estes membros da tripulação também nos podem acompanhar quando visitamos cada um dos mapas, e até nos ajudar em momentos mais embaraçosos.

Como seria de esperar, The Outer Worlds oferece-nos um sistema de progressão de personagem baseado em capacidade e habilidades. À medida que o nosso personagem evolui, temos a possibilidade de melhorar cada uma das sua capacidades, desde o manuseamento das armas até à forma como interage com outros personagens, assim como adquirir novas habilidades que oferecem algumas vantagens durante o jogo. A árvore de habilidades também está disponível nos membros que nos acompanham na aventura, sendo que cada um deles também possui um ataque especial que podemos utilizar em batalha. 

Por falar em combate, The Outer Worlds possui um sistema de combate bastante fácil de dominar, mesmo quando jogamos com um gamepad. Está disponível um número razoável de armas de fogo e de ataque corpo a corpo, e podemos ter até quatro armas prontas a utilizar, tendo em conta que cada uma delas tem carateristicas únicas. Como tudo no jogo, à medida que avançamos vamos adquirido armas e armaduras cada vez mais poderosas, e podemos sempre recorrer a upgrades e modificações para as melhorar (tanto as nossa como as dos companheiros). 

Em combate, para além das armas que transportamos, temos a oportunidade de utilizar o poder especial do nosso personagem, que é a capacidade de abrandar o tempo, assim como as habilidades especiais dos personagens que nos acompanham. No entanto, estes poderes especiais demoram alguns segundos a recarregar, pelo que terão de ser utilizados de forma inteligente. Outra ajuda chega através de equipamento médico que recupera a saúde do nosso personagem, assim como várias substâncias que encontramos ao longo do jogo e que alteram algumas das nossa capacidades.

A exploração de cada um dos mapas de The Outer Worlds é bastante fluída e com muito a acontecer à nossa volta, mas tudo isso tem um preço a pagar: o carregamento de cada um dos mapas demora largos segundos, o que quebra um pouco a experiência. Ainda assim, consideramos que a Obsidian fez uma escolha acertada, pois cada um dos mundos tem mesmo muita vida e a locais de interesse para explorar, para além de que cada vez que encontramos um local mais importante, fica disponível uma viagem rápida para mesmo esse local, evitando viagens mais demoradas e maçadoras.

 

 


Gráficos e Som

Visualmente, é impossível não comparar The Outer Worlds com os jogos da série Fallout. Embora este não seja um jogo pós-apocalitico, pois ainda existe esperaça que a humanidade possa vingar num sistema solar exótico e cheio de perigos, os cenários de cidades abandonadas ou a passar por muitas dificuldades parecem insporados no RPG da Bethesda. No entanto, a contrastar temos a imaculada cidade capital de Terra 2,  assim como as várias estações e naves espaciais que dignas de um bom filme de ficção cientifica.

Por outro lado, também podemos comparar The Outer Worlds com BioShock, pois encontramos muitos elementos visuais que são uma combinação de ficção cientifica com Art Neveu e estilo Vitoriano, assim como muitos detalhes Steampunk, com muita tecnologia "improvisada" e ambientes repletos de cabos e tubagens.

Embora com muitas inspirações e sem grandes excentricidades ao nível do realismo, The Outer Worlds acaba por ter um estilo visual bastante interessante e único. 

Em relação ao som, The Outer Worlds presenteia-nos com uma banda sonora que se adapta aos diversos momentos do jogo, ou seja, mais intensa nas sequências de combate, ou exuberante e alegre quando alcançamos algo. Os efeitos sonoros também se apresentam num excelente nível, mas é nos diálogos que consideramos que a Obsidian se esmerou. Cada personagem, incluindo os NPCs, tem um diálogo único e marcante, oferecendo-nos muitos momentos hilariantes.
 

 

Conclusão

The Outer Worlds é simplesmente fantástico. Numa altura em que as tendências apontam para mundos abertos e online, a Obsidian tem a ousadia de nos apresentar, de forma brilhante, um universo totalmente novo com elementos RPG tradicionais.

Este é um jogo marcado por ambientes e personagens inesquecíveis, o que nos dá uma motivação extra para voltar a jogá-lo, mesmo depois de terminar a história.

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