Alexandre Nilo Fonseca, Presidente da ACEPI, sublinha que o investimento alocado às competências digitais tem sido significativo, mas requer um reforço de verbas nesta reta final do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Em plena década digital, as metas para alcançar uma maior soberania tecnológica num contexto global são ambiciosas. Em Portugal, 22% das verbas do PRR foram direcionadas para priorizar a transformação das empresas e a modernização da administração pública. O retorno desse investimento tem sido notório e, como se pode observar em muitos dos indicadores deste estudo, Portugal destaca-se como um exemplo para a União Europeia. No entanto, é necessário criar mais mecanismos para acelerar a transição digital a um maior número de empresas nacionais.”
O estudo revela que a maioria das pequenas e médias empresas (70%), já utiliza a internet, com, pelo menos, uma intensidade digital básica. Este crescimento, potenciado pelas novas tendências e práticas de consumo, tem levado vários setores a adotarem uma abordagem omnicanal, para atender às necessidades de clientes que valorizam cada vez mais o digital como meio de preferência. Entre estas empresas, 17% recorrem à IA para otimizar a eficiência e automatizar processos.
“A IA é uma ferramenta que Portugal não pode deixar escapar. Embora existam desafios importantes a considerar — como, por exemplo, a proteção de dados —, é notório que o seu impacto na educação, na saúde e nos negócios é positivo. Assim, a meu ver, é fundamental que não se imponham barreiras à inovação e ao desenvolvimento de novas tecnologias, pois estas são essenciais para que a nossa economia se torne cada vez mais resiliente num contexto global”, reforça ainda o responsável da ACEPI.
No que diz respeito aos consumidores, o estudo divulga ainda que a esmagadora maioria (85%) dos portugueses utilizam a internet diariamente, sendo que o fazem através dos seus smartphones. No entanto, outros gadgets como os smartwatches e as smart TVs têm demonstrado um crescimento exponencial, mesmo após o impacto da pandemia. Assim, e tendo em consideração que mais de metade (54%) dos portugueses optam por fazer compras online, torna-se claro que as empresas necessitam de se adaptar a tais tendências de forma rápida e eficaz.
Quanto ao método de pagamento preferido pelos portugueses, 50% dos consumidores online optam pagar por referência multibanco, sendo que o MB Way já se posiciona como a segunda opção mais popular, com 42% de adesão. Esta crescente digitalização reflete-se no impacto económico do comércio eletrónico nacional, que tem registado um crescimento significativo nos últimos anos. Em termos geográficos, Lisboa lidera nas compras online, com uma taxa de 62%, enquanto as ilhas e o norte do país ficam abaixo da média. Entre as categorias mais compradas estão roupa, calçado e acessórios.
Nesta linha, e com a digitalização a moldar o futuro do comércio e dos negócios, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de investir numa economia que prospere na esfera digital, impulsionando a competitividade e inovação do país.